Nem ironia muito menos supérfluo, o marketing jurídico para departamentos jurídicos de empresas existe e é fundamental para a saúde de toda corporação.
Clássico dizer que a atividade jurídica é um corpo estranho pois nada tem a ver com o “core business” da empresa e que é visto, via de regra, como “emperrador de negócios” principalmente para as áreas comercial, de negócios, técnica, financeira etc. afinal afinal de contas o próprio marketing tem trazido a idéia de que o cliente tem sempre razão. E é verdade, até certo ponto. O Marketing One-to-One nos ensinou que há certos tipos de clientes que não interessam para a empresa pois trazem prejuízos.
Voltando ao nosso injustiçado e incompreendido Departamento Jurídico que tem entre suas missões, a de minimizar o risco das transações comerciais exigindo uma série de documentos que vão “investigar” a vida dos candidatos a parceiros comerciais. Afinal, uma venda de produtos pode parecer um ganho para a empresa e trazer lucratividade, além de bônus para a área de negócios que, com esforço, venceu concorrências e nesse momento precisa de agilidade na tramitação de documentos, garantir a produção, transporte e prazo de entrega entre outras exigências do candidato a cliente ou parceiro de negócios.
Ótimo, fez seu trabalho com sucesso e agora basta “pegar a assinatura” daquele departamento estranho para seguir em frente e é aí que a coisa “enrosca”.
O “jurídico”, como é conhecido internamente, que para o Departamento de Vendas etc., só tem de assinar um papel, na verdade está responsável por minimizar o risco do negócio através da análise da saúde legal deste candidato a parceiro e juntamente com o Departamento Financeiro e o de Crédito e Cobrança, a saúde e histórico financeiro; afim de garantir que o produto vendido será efetivamente pago e no caso de isso não acontecer, que o candidato a parceiro de negócio CONSIGA ressarcir a empresa de alguma forma. É necessário frisar que nessa hora, quando algo dá errado, os Departamentos de Vendas e ou Comercial das áreas de negócio simplesmente não tomam conhecimento no sentido de sucesso da operação (lucro); “foi falha do Jurídico”!! ah!, ainda em tempo, a área de negócio atingiu suas metas e recebeu seus bônus e entende que cumpriu seu papel. Que grande negócio para a corporação !!!.
E onde entra o marketing jurídico nessa história?
Pra começar ele entra no aspecto da comunicação interna. É absolutamente vital que toda a corporação entenda a necessidade da análise jurídica para o verdadeiro sucesso do negócio, bem como entender com mais profundidade o trabalho realizado. Estou falando aqui de transparência nos processos; de “abrir o Departamento Jurídico para toda a empresa.
Por outro lado, é papel do pessoal do Departamento Jurídico, e do seu líder, (diretor ou gerente Jurídico) entender as necessidades e o dia-a-dia das áreas de negócio para, por sua vez, desenvolver maior sensibilidade e compreensão das dificuldades e agilidade de que essas áreas precisam. Portanto a transparência e a previsibilidade precisam estar presentes nessa relação.
A nova visão.
O Departamento Jurídico precisa ser percebido como parceiro de negócio. E não como corpo estranho.
Conheço empresas que fazem os sempre salutares encontros de integração de funcionários, ou colaboradores como reza a boa política de relacionamento do Departamento de Recursos Humanos, e não chamam, ou exigem, a presença do pessoal do Departamento Jurídico.
Isso é um erro, um desserviço para a corporação e para a imagem do Departamento Jurídico.
Mas antes desses eventos corporativos, que nem todo mundo gosta ou pode participar como descer corredeiras em um bote inflável (rafting) ou fazer caminhadas ecológicas com acampamentos e outras atividades que têm por finalidade a integração do pessoal de áreas diferentes e a percepção da necessidade de confiar no outro em um ambiente comum, outras atividades, inclusive mais baratas e eficientes, podem e devem ser feitas como palestras, workshops e exercícios em grupo onde o pessoal de outros departamentos trocam de função em um cenário de negócio fictício com a presença de um outside speaker para fazer a mediação. Visitas programadas e freqüentes, no sentido de intercâmbio, dos advogados nas áreas de negócio e vendas e vice versa para que todos tenham a percepção de que o Departamento Jurídico é um legítimo PARCEIRO DE NEGÓCIOS; e que tem o mesmo objetivo dentro da corporação que é o de trazer lucro real para a empresa.
Tecnologia.
O marketing não sobrevive sem informações … e das boas!.
Nessa área o trabalho do Marketing Jurídico entra com a inteligência e com o entendimento, através de um trabalho orientado e consistente, das necessidades dos clientes … Sim, os demais departamentos e áreas de negócios são clientes … Clientes Internos !. É assim que deve ser a visão moderna de um Departamento Jurídico.
Com realidades diferentes e necessidades distintas, esses clientes internam demandam ações e informações que vão desde a análise de um contrato até o andamento dos processos para tomada de decisão, sem falar nos processos de auditoria interno ou externo, pois um passivo legal pode ser grande o suficiente para alterar o balanço anual de uma empresa e na precisão de provisionamento de perdas que deve ser bem feito, pois se mal dimensionado dar grandes prejuízos a ponto de leva-la a falência.
Exemplos não faltam:
Análise de contratos e das garantias (hipotecárias, bancárias etc.) que os pretendentes a parceiros oferecem, probabilidade de sucesso e tempo de duração de processos judiciais para a decisão da continuidade de uma ação ou a proposição, ou aceite, de um acordo a fim de minimizar os prejuízos e as custas desse processo e por aí vai.
Por isso o sistema escolhido, assim como o dimensionamento do parque de informática, precisa ser analisado, avaliado e redimensionado para suportar essas demandas.
Além disso, esse sistema deve ser o que chamo de “não umbigal” ou seja, não deve servir apenas para o Departamento Jurídico, ao contrário, deve ele ter uma sensibilidade e serventia holística, deve servir, e ser usado, para todos os departamentos e áreas de negócio que precisem de informação rápida e precisa através de Intranets e acessos remotos.
Dessa forma, as informações que têm urgência em ser acessadas, não tiram os advogados de seus ritmos para a busca, processamento e entrega da informação; as próprias pessoas, clientes internos, podem acessa-las diretamente.
Essa facilidade libera o advogado que ganha tempo para aprofundar os relacionamentos com toda corporação e concentrar-se em seu próprio “core business” que é o de prestar o melhor serviço jurídico possível.
É evidente e absolutamente vital que as questões segurança das informações devem se bem estudadas e devidamente dimensionadas e os acessos a essas informações restritos a quem de direito, mas esse é o caminho a ser seguido.
Bem relacionados, compreendidos e compreensivos, e muito mais ágeis, o Departamento Jurídico, e as inteligências técnicas (jurídicas e de negócio) serão muito melhor aproveitadas e percebidas como devem ser …
COMO VERDADEIROS PARCEIROS DE NEGÓCIO.